Do Blog do Jamildo
Na Índia, em função da pobreza e da abundância de esterco das vaquinhas sagradas, é comum que os chamados intocáveis, das castas mais baixas, usem os dejetos do animal para cozinhar, como combustível.Aqui no Estado, um garoto de 16 anos, Renato Bevilágua, estudante do CEFET e morador de Aldeia, acaba de montar um biodigestor, a base de estrume de gado, que já está sendo oferecido a produtores rurais, para produção de energia alternativa a baixo custo.
O adolescente é estudante de eletrotécnica e vai falar de seu experimento no dia 17 de março na Universidade de São Paulo, a convite. Antes, no dia 20 de janeiro, estará na Bahia, onde fará uma palestra no congresso da União Nacional dos Estudantes Secundaristas (Unes).“Com sete cabeças de gado, já dá para produzir o equivalente a sete botijões de gás por mês. O investimento fica a partir de R$ 1,5 mil. O gás metano gerado pode ser usado em tratores ou mesmo em cilindro de carros a gás, com pequena adptação (põe menos volume, pois o metano é mais expansivo).O protótipo, construído em parceria com o amigo estudante de zootecnia da Universidade Rural, custou cerca de R$ 200, oriundo da mesada recebida do pai.
O garoto conta que compra a ‘matéria-prima’ de um pequeno produtor dono de três bovinos perto da Rural. Paga R$ 20,00 e recebe 20 quilos do ‘produto’. Em pequena escala, o protótipo produz apenas o equivalente a metade de um botijão de gás.“É bem simples. A gente coloca água e o estrume bovino. Quando fecha, as bactérias metanogênicas já começam a produzir o gás. Depois de 100 dias, é possível abrir as comportas e usar o gás. O modelo que inventamos é mais moderno e mais prático. O estrume mais novo empurra o mais velho, que vira bio-fertilizantesO primeiro projeto comercial está sendo realizado com uma empresa que processa polpa de frutas às margens da BR 232.“O empresário jogava as cascas no lixo e parte fazia compostagem.
Com o nosso projeto, irá fazer economia e reduzir o desperdício”, explica, por telefone, do Ceará, onde está de férias o pequeno empresário.O projeto não saiu sem resistências, como a oferecida pela namorada do parceiro, o universitário Edvaldo Júnior. “Toda vez ela fala nisto, que a gente tá mexendo com bosta de vaca”, afirma. “Todos achavam que era mito, não ia funcionar. Até meu pai achava que era mito essa produção de energia”O inventor não tem este problema. “Até entrar no Cefet eu tinha namorada, mas minha vida tá muito corrida. Não dá tempo”, diz.Livre da escola, o pequeno produtor planeja aventurar-se na venda do equipamento. “Estudando hoje, estou limitado. Não tenho como lucrar. Só quero apresentar o projeto.
Quem sabe na Usp eu não consiga uma carta para mostrar o invento no exterior? Na Feira de Animais, peguei o número de 20 produtores. Quando tenho um tempo, ligo. Muitos não sabem que podem economizar com ração, pois, após passar pelo biogerador, a parte sólida pode ser devolvida aos animais como comida, livre de verminoses ou parasitas, que morrem na ausência de oxigênio. Já a parte líquida vira um excelente fertilizante”.
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